LIVRO DE RESUMOS
O primeiro congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (SPCE) decorreu em 1989, no Porto. A SPCE viria formalmente a constituir-se depois disso, em maio de 1990, completando em breve trinta e cinco anos de existência. Este aniversário cruza-se com a Revolução Democrática, que marca a esperança num país mais justo, mais livre e mais desenvolvido. A educação será uma das mais importantes e mais bem-sucedidas apostas no caminho da liberdade, de ser e conhecer, da emancipação e da justiça social. São as condições e a importância da liberdade e da democracia na educação e no progresso social que queremos agora tornar mais visíveis, conscientes e intencionais, equilibrando memória, experiência, teorização, intervenção e crítica. Pretendemos que a análise e a discussão que possam ser geradas em colaboração e parceria entre centros de investigação e instituições do ensino superior e não superior, da educação formal e não formal, permitam celebrar e esclarecer caminhos passados e informar e inspirar caminhos futuros.
É para este cruzamento entre o passado e o futuro, mas sempre do lado da liberdade, da emancipação e da justiça social, que vos convidamos para o décimo sétimo Congresso da SPCE sob o lema Educação, Liberdade e Democracia.
A direção da SPCE
LIVRO DE RESUMOS
Refletindo sobre um mundo que não imaginávamos há algumas décadas atrás, porque acreditávamos na bondade da democracia e da liberdade, para um progresso social sem retrocessos, nesta comunicação pretende debater-se o sentido do compromisso no ato educativo, entendido numa perspetiva ética. Quem ensina tem responsabilidades sob que aprende, seja em que idade for, sendo a educação um processo dialógico, na maioria das vezes permeado por relações de poder, quaisquer que sejam os contextos em análise. Importa reconhecer, por isso, que todas as partes envolvidas nos processos educativos desempenham papéis e mobiliza, a experiência humana para dar sentido ao que ensinam/aprendem, nem sempre de forma consciente, ainda que o fim último da educação deva ser de carácter emancipatório.
The keynote introduces childism, a transformative framework developed to address adult- centrism and the historical marginalization of children. Childism in its transformative sense of the term critiques societal structures that prioritize adulthood and overlook childhood interests. After outlining some key concepts, the relationship between adult-centrism, adultism, childism, and social justice will be explained to highlighting how age is often a source of inequality. Childism can be understood through an analogy with feminism in so far as it challenges power dynamics and advocates for the recognition of children as agents with their own cultures and perspectives. The talk emphasizes the need to rethink the binary distinctions e.g., adults as autonomous and children as dependent. Additionally, the impact of colonialism on childhood theory, where children were often used as metaphors for colonized peoples, is discussed, showing how the logic of Euro-centric colonialism is entangled with adult-centric perceptions of childhood and vice versa.
Finally, the importance of addressing adult-centrism in educational research practices will be discussed to advance diversity and justice for marginalized groups, including children.
Inscrições Abertas
O Porto é um lugar de referência da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Foi no Porto que decorreu o primeiro congresso da Sociedade, em 1989. E era também no Porto que estava previsto o XV congresso, em setembro de 2020. Em plena pandemia, o congresso da SPCE nesse ano foi um dos primeiros a realizar-se online – e, desse ponto de vista, foi um congresso épico, com sessões onde tudo aconteceu e onde prolongamos, noite dentro, algumas sessões extraordinárias. Mas, pese embora essas memórias fabulosas, esse congresso não foi no Porto – e queríamos voltar.
Que melhor altura para organizar esse retorno que a celebração dos 50 anos da revolução do 25 de abril, que restaurou a liberdade e a democracia em Portugal? Esse “dia inicial inteiro e limpo”, como lapidarmente o designou Sophia de Mello Breyner, marcou uma vaga de democratização no Sul da Europa, seguindo-se a Grécia e a Espanha. Mas marcou também uma profunda transformação na própria conceção da educação como um direito de crianças, jovens, adultos e idosos. A revolução portuguesa gerou mudanças nas políticas públicas de educação, na conceção e organização do sistema educativo e das próprias organizações escolares, na estruturação e exigência da formação de educadore/as e professore/as, nos currículos, avaliação e exames, no acesso e democratização, na certificação e reconhecimento, na internacionalização, e até no lugar que ocupa na esfera pública e que a torna objeto de debate e até de disputa. A educação tornou-se, ela mesma, não apenas sinal, mas espaço de liberdade e democracia. Temos consciência do muito que se fez, mas também do muito que há a fazer para evitar a reprodução de desigualdades, contrariar a exclusão e a discriminação, e promover ativamente a liberdade e a democracia para todas e para todos.
A Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação convida a comunidade de investigadores/as em Portugal, na Comunidade de Países de Língua Portuguesa e noutros países a debater e a aprofundar o sentido que os princípios da Educação, Liberdade e Democracia têm na contemporaneidade, reconhecendo o quanto se fez – mas também o quanto temos ainda que fazer. As propostas a apresentar deverão inserir-se num dos eixos temáticos que são propostos neste XVII congresso.
São admitidas propostas de comunicação em Português, Espanhol e Inglês, mas não haverá tradução simultânea.
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